17 de novembro de 2016

Desculpe o incômodo



Já começo o texto me justificando: Eu tenho medo de ser esquecida e é por isso que escrevo.

Os correios vivem rodeados de envelopes meus, com uma folha dentro, chorando palavras e talvez umas aquarelas. Nem sei explicar a cara da moça do guichê dos correios, quando uma vez por semana eu apareço por lá com minhas cartas e ela me olha com uma cara de ''quem faz isso hoje? ". Eu faço moça, e pode enviar do modo comum, não precisa ser Sedex não, ninguém sabe que vai aparecer algo, além de contas para pagar.

Eu sou inteira, intensa e exagerada. Minha intensidade faz com que eu esteja sempre disponível. ''Você pode me fazer um favor?'' Posso. ''Está ocupada hoje?'' Tô não, no que posso ajudar ? ''Preciso conversar'' Pois bem, sou toda ouvidos. ''Me ajuda numa resenha?'' Ajudo, vamos lá. ''Tenho trabalho de português e tenho dúvidas'' Me fale o que é, que tento fazer o melhor.

Cara, as vezes eu estou ocupada pra xuxu, não consigo nem dar conta, mas se você precisa de mim, minha prioridade se torna você. E quando não me pedem ajuda e sei que talvez esteja precisando de algo, eu mesma me ofereço. Tento ajudar sempre, em tudo. É de mim. Preciso me sentir útil. 

O tempo passa muito rápido e meu maior medo é ver o tempo passar e saber que não fiz a diferença pra você (você mesmo que está lendo). Saber que não escrevi uma carta, não perguntei se está tudo bem, não ajudei com algo e fui esquecida junto as pessoas que também passaram por você, um dia.

Logo aviso: Chegará cartas, chegará mensagens no whats, vou enviar ''beijos, te amo'' no final da conversa, vou estar disponível sempre. Só que as vezes tenho medo de incomodar e ultrapassar  o limite da demonstração de afeto. Então, me perdoa se as vezes dou uma sumida, tento não sufocar, mas vou amar quando vier conversar comigo, mesmo que para pedir um favor.

Volto a dizer: Eu tenho medo de ser esquecida e é por isso que escrevo.

E tenho vontade de escrever todo dia, toda hora, todo momento e mostrar que estou sempre aqui.

Desculpe o incômodo.

2 comentários: