Livro: Ostra feliz não faz pérola

obs.: resenha feita em 2019. Encontrei por acaso e resolvi postar aqui do futuro rs

Sendo bem sincera: eu não imaginei que um dia eu voltaria para cá, até eu ler esse livro e querer deixá-lo registrado em algum lugar que eu pudesse falar dele sem limitação de caracteres, já que eu resenhei esse livro no instagram e não senti que o descrevi o suficiente. Eu olho esse blog e vejo que ele tem tanto de mim, tanto do que fui, tanto do que li, que seria bobagem eu não voltar e registrar as coisas boas dessa vida e uma delas é, sem dúvida, esse livro. ☼

Você sabe como que uma ostra produz uma pérola?! Pois bem, ela precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer e a partir desse sofrimento uma linda pérola nasce.

Eu tive um professor de literatura portuguesa que, em uma das aulas, disse: “você está feliz, né? Por isso não escreve mais”. Foi daí que me dei conta de que durante a dor, durante o sofrimento, produzimos, criamos; nos expressamos, colocamos para fora sentimentos que não conseguiríamos se estivéssemos felizes, já que não temos necessidade para tal. Já perceberam isso?! Enfim... “Ostra feliz não faz pérola”, é um livro cheio de crônicas e contos que Rubem Alves chama de “areias pontudas que o machucaram”. 

São pensamentos, vivências e histórias, divididos em 11 partes: Caleidoscópio, amor, beleza, crianças, educação, natureza, política, saúde mental, religião, velhice e morte.

A seguir falarei sobre três capítulos, sendo educação o meu favorito:

01 - Caleidoscópio: ele fala sobre diversas coisas, desde inveja a notícias de jornais, desde humilhação a culinária, mas veja bem... não é nada concreto, é tudo uma viagem sobre tudo, sobre nada, com um título para cada texto, que nem sempre faz sentido... ou faz?! Faz, sempre faz.

''Uma das alegrias da literatura está em que ela cria a possibilidade de estabelecer conversas mansas com pessoas ausentes e mesmo mortas.''

'' A miséria é diferente da pobreza. A pobreza está muito próxima da simplicidade. Simplicidade tem a ver com as coisas que são essenciais. Simplicidade é caminhar com uma mochila leve. A riqueza, ao contrário, é caminhar arrastando muitas malas pesadas, sem alças... A pobreza simples é uma pobreza feliz.'' Texto: Amigos ausentes. Pág. 59

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02 - Amor: Aqui se fala abertamente sobre companheirismo, amantes, encontros e desencontros, paixões e sobre tudo o que chamamos de amor, que poderíamos definir amor, mesmo que às vezes no fundo nem seja só pareça.

''Quem não pode suportar a dor da separação não está preparado para o amor. Porque amor é algo que não se possui, jamais. É evento de graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E, quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro.'' Texto : Encontro e separação. Pág. 79.

''Esse é um segredo que nenhum amante sabe: ele não ama a pessoa amada. Ele ama algo misterioso que se mostra no seu corpo.'' Texto: O que amo? Pág. 82.

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03 - Educação: Esse capítulo é o meu favorito. Como foi lindo ler sobre a educação por meio da visão de Rubem Alves. Foi enriquecedor para minha profissão, foi enriquecedor para minha vida. Eu enxerguei a sala de aula de outra forma, o sistema de ensino de outra forma, minha postura como professora de outra forma.  

'' Por acaso, serão só os alunos que sofrem de distúrbios? Somente eles têm dificuldades em aprender? E os professores? Nenhum sofre de “distúrbios de ensinagem”? Que preconceito nos leva a atribuir o problema sempre ao aluno? Que providências terapêuticas tomar quando o perturbado é o professor? Mas que psicólogo terá coragem para passar-lhe esse diagnóstico? É mais fácil culpar o aluno.'' Texto: Distúrbios de aprendizagem. Pág. 133

''Os livros são a porta para um mundo grande. Pela leitura vivemos experiencias que não foram nossas e então elas passam a ser nossas.'' Texto: Como ensinar. Pág. 131

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 Todos os textos ele escreveu de maneira sutil, simples, engraçada, profunda e de uma maneira tão encantadora que eu me vi rindo, chorando, meditando e vivendo cada momento como se tivesse acontecido comigo. 

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“O ato de ouvir exige humildade de quem ouve. E a humildade está nisso: saber, não com a cabeça mas com o coração, que é possível que o outro veja mundos que nós não vemos”.

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Cada página lida era um sorriso dado. A escrita de Rubem Alves é simples e gostosa de se ler. Eu grifei muitos textos, aprendi, me identifiquei e percebi que de fato OSTRA FELIZ NÃO FAZ PÉROLA. Às vezes precisamos sim do grão de areia que nos faça sofrer, no final nasce uma linda pérola.

 Já diria o próprio autor: “Para me livrar da dor, escrevi.” ⠀ ⠀⠀

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Páginas: 276 páginas.

Editora:Planeta
NOTA 5/5